Aula 11 – Reflexões Interdisciplinares 1

Um

 

Michel Foucault:
controle, poder e discurso

 

 

 

Dois


Foucault e a Educação

Três

Michel Foucault (1926-1984)

  • Embora o pensamento de Foucault tenha sido inicialmente associado ao “estruturalismo”, tende a ser visto como um filósofo “pós-moderno”
  • Influências: Nietzsche, Heidegger e Kant
  • Conceito de Sujeito / Identidade
  • Relação entre saber e poder
  • Críticas às instituições – disciplina e controle
  • Tecnologias de poder: estado, empresa, escola, etc. Constituem os indivíduos como sujeitos

Quatro

Michel Foucault – ideias

  • “Biopoder” (controle da população, não sobre a morte do indivíduos, mas sobre a vida): escola/educação, entre outros
  • Possibilidade da Educação atuar como forma de “cuidar do outro” – mas, para alguns dos analistas de Foucault, isso não passaria mais pela escola
  • Outros leitores, porém, enfatizam possibilidades de construir outra educação (na escola) para a constituição de indivíduos livres, tornando o aprender possível
  • Forte influência nas análises dos discursos, inclusive escolares (teorias do currículo e estudos culturais)
  • Sócrates: “estética da existência”

Cinco

Michel Foucault e a educação 1

“Já, nos anos 1960, ele destacou o campo da educação ao escrever sobre saberes e epistemes, colocando questões norteadoras instigantes como: ‘O que eu posso saber?’ Ou, ‘O que eu posso ver e enunciar em tais condições?’ (CARVALHO; SILVA, 2006, p. 139). Mas será nas obras Vigiar e punir (1975) e A história da sexualidade (1988), ao tratar de forma inovadora a questão do poder como rede de relações de força, que se difunde em todos os espaços da sociedade, que ele lançará interpretações sociológicas importantes na investigação dos processos disciplinares dos sistemas escolares.” (GOHN, 2012, p. 105)

Seis

Michel Foucault e a educação 2

“As investigações de Foucault mostraram que duas instituições foram profundamente remodeladas através do exercício disciplinar e desempenharam papel central no processo de individualização – ou subjetivação, se preferirmos: o exército e a escola. […]

As tecnologias individualizantes utilizadas na escola, que nos parecem muito naturais, são na verdade bastante recentes: uma das mais simples e eficazes é a disposição estratégica da classe em filas. Essa disposição permite que todos os alunos sejam vigiados e controlados constantemente por um único professor. Tais tecnologias atingem os indivíduos em seus próprios corpos e comportamentos, constituindo-se numa verdadeira ‘anatomia política’, que individualiza a relação de poder. Essas estratégias de dominação, através da delimitação de espaços e da disciplina corporal, diferem quase nada em sua aplicação, seja nos exércitos seja nas escolas.” (GALLO, 2004, p. 91)

Sete

Michel Foucault e a educação 3

“Para ele [Foucault], a Filosofia deve ser vista como uma caixa de ferramentas: aí encontramos os instrumentos e equipamentos necessários para resolver os problemas que nos são colocados pela realidade que vivemos.” (GALLO, 2004, p. 80)

“Através da Filosofia como ‘diagnóstico do presente’, Foucault mostra-nos como a Educação e a escola constituíram-se modernamente. Mas teria ele algo a dizer-nos enquanto perspectiva de futuro?

Penso que sim. Através da longa exposição de sua concepção microfísica do poder, pudemos perceber que o poder jamais se exerce unilateralmente. Se a escola tem sido, assim como o exército, um dispositivo disciplinador, ela é também um espaço social onde se exercem contrapoderes. Ele mostra-nos que na relação pedagógica o aluno não é um mero paciente, mas é também um agente de poder, o que deve levar-nos a repensar todo o ‘estrategismo pedagógico’ do qual algumas vezes somos vítimas, outras vezes somos sujeitos.” (GALLO, 2004, p. 94)

Oito

Michel Foucault e a comunicação/educação

  • Ênfase (teórica e metodológica) na natureza discursiva dos fenômenos aproxima, ainda que de maneira indireta, o autor da reflexão em comunicação
  • Caráter construído e histórico dos “conceitos” tem sido usado para instituir um campo de reflexão em comunicação/educação
  • Produção da subjetividade encontra hoje nos meios tecnológicos seu, talvez, principal ambiente

 

Nove

Referências

GALLO, Sílvio. Repensar a Educação: Foucault. Educação e Realidade, vol. 29, n. 1, p. 79-97, jan/jun 2004. Disponível em http://seer.ufrgs.br/educacaoerealidade/article/view/25420/14746

GOHN, Maria da Glória. Sociologia da Educação: campo de conhecimento e novas temáticas. Educação & Linguagem, v. 15, n. 26, p. 95-117, jul.-dez. 2012. Disponível em https://www.metodista.br/revistas/revistas-ims/index.php/EL/article/view/3376/3150

 

 

 

Um

Jurgen Habermas:
agir comunicativo e educação

 

 

Dois


Habermas e suas ideias: breve introdução

Três

Habermas e a educação

Quatro

Jürgen Habermas (1929)

  • Discípulo e continuador da Escola de Frankfurt (segunda geração), dá as ideias originais profunda inflexão
  • Continuidade: crítica da razão instrumental
  • Originalidade: definição e defesa da “razão comunicativa” (paradigma da intersubejctividade), como meio de fortalecer o ideal emancipatório da razão na contemporaneidade
  • “Virada linguístico-pragmática”

 

Cinco

Jürgen Habermas e Educação

  • Diálogo com Kant – defesa do esclarecimento e emancipação
  • Educação como interação (que funda o conhecimento), no qual a práxis comunicativa é mediação da cultura
  • Colonização do “mundo da vida” (reprodução simbólica) pelo “mundo sistêmico” (reprodução material)
  • Direito como mediador do deve ser e do que é válido
  • Formação para a sensibilidade social

Seis

Jürgen Habermas e Educação

 

  • Dimensão ética do ato de conhecer implica fortalecer capacidade argumentativa dos indivíduos
  • Cabe à educação, portanto, instituir um processo pedagógico comunicativo (alguns aproximam Habermas de Freire, nesse sentido), pois na educação se dá tanto a formação política quanto a reprodução social

 

 

Sete

Jürgen Habermas e Educação

“No caso específico da Educação, Habermas nos convida a pensar a respeito dos processos de formação, que hoje são determinados hegemonicamente pela racionalidade instrumental. Tais processos denunciam o caráter sistêmico do controle burocrático de uma sociedade em que predomina o poder econômico, com fortes prejuízos para a formação no sentido da integralidade da Paideia grega (formação integral), ou da Bildung moderna (formação cultural)” (GOMES, 2014, p. 91)

Oito

 

Referências

GOMES, Luiz Roberto. Jürgen Habermas: ação comunicativa, esfera pública e educação. In: MARTINS, Marcos Francisco e PEREIRA, Ascício dos Reis. Filosofia e Educação: ensaios sobre autores clássicos. São Carlos: EdUFSCAR, p. 447-460.